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a Enfermeira vai a casa

São várias as experiências, peripécias e desafios na prestação de cuidados de enfermagem no domicílio e que merecem ser partilhados!

a Enfermeira vai a casa

São várias as experiências, peripécias e desafios na prestação de cuidados de enfermagem no domicílio e que merecem ser partilhados!

Qui | 14.10.21

Da confusão à medicação

Ana Vale

Sempre achei que havia muito trabalho a fazer no que toca à gestão/adesão ao regime medicamentoso no geral, mas desde que trabalho maioritariamente no domicílio a noção de que "há muito para fazer nesta área" aumentou exponencialmente! 

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A maior parte das pessoas não faz ideia da medicação que toma ou do porquê da sua toma - "é porque @ medic@ diz que é para tomar" - dizem tanto! E claro que se o médico diz... é importante, mas... também é importante a pessoa perceber o que toma e para quê (pelo menos). Para além disto, as pessoas guardam os medicamentos de qualquer forma e feitio - é na caixa da fruta, no bidé, no lavatório, na mesa de centro da sala, entre os guardanapos, na caixa dos sapatos, no bolso dos casacos, na mala do carro, em todos estes sítios e mais uns tantos diferentes ao mesmo tempo, espalhados pela casa, entre os livros, no topo da estante, etc., etc. E a validade?! Percebi que para muitas pessoas pouco interessa! Muitas, pouco dinheiro têm para os comprar, e também por isso... a validade torna-se um detalhe. Contudo, haja ou não recursos económicos para o efeito, a relevância da validade é... praticamente nenhuma (no geral). Ah! e as tomas de medicação? É quando se lembram, quando calha, quando alguém recorda ou dá uma ajuda, ora toma uma vez e não toma duas ou três, ora tomam vários no mesmo dia para não ficar nada para o dia de amanhã. 

 

Temos gostos para tudo!

 

Numa primeira (e não só) visita domiciliária o tema da medicação dá pano para mangas e o que me tenho apercebido é que efetivamente há um largo e longo caminho a fazer neste campo, tendo a enfermagem um papel fundamental!

 

Várias pessoas têm prováveis efeitos secundárias mantidos por má gestão, ou até, exacerbação de sintomas diversos por falta de tomas de medicação, e depois, recorrem à medicina porque... "o problema de saúde não está a melhorar" quando na verdade, a gestão do regime medicamentoso é que têm de ser melhorada. Utentes polimedicados são imensos, e polimedicados a autogerir a posologia da sua medicação, ainda mais.

 

"Senhor João, quando é que costuma tomar os seus (12) medicamentos?" - questiono.

"Todos de manhã antes do pequeno-almoço" - responde.

"E tem aí a prescrição do médico para eu ver?" - questiono. 

"Sim, pode ver" - responde. 

Quantos comprimidos é que o senhor João tem para tomar ao pequeno-almoço de acordo com a prescrição médica? 0 !!!

E isto, é só um pequeníssimo exemplo...

 

O que há a fazer? Tudo! 

Conhecer as pessoas, conhecer as equipas que os acompanham, conhecer a medicação que tomam e porquê, conhecer o histórico de saúde, perceber até que ponto (e até onde) podemos e devemos sensibilizar para a medicação que fazem, disponibilizar presença para esclarecimentos diversos, esclarecer, ensinar, instruir e... colocar a mão na massa e ver que medicamentos a pessoa tem, onde tem, como guarda, como prepara, como toma, etc., etc. 

 

E ainda dizem que os enfermeiros só vão a casa das pessoas fazer pensos e dar injeções? 

Perceberão rapidamente com este blogue o quão enganados estão, se esta for a vossa perceção...

 

Também têm histórias/práticas semelhantes sobre a gestão do regime medicamentoso que gostavam de partilhar? 

Enviem email para enfermeiravaiacasa@gmail.com